. Atenção é tornar profundo...
. Indicações para percorrer...
. Florescerá a justiça nos ...
Diz-se que caminhar está na moda…
Ainda bem, poderíamos dizer.
Ainda bem, pelos múltiplos benefícios para a saúde que daí advêm. E, quando ao caminhar se junta a possibilidade de conviver, os referidos benefícios multiplicam-se.
Modas à parte, em Portalegre temos a tradição de rumar a pé até ao Senhor dos Aflitos. Vem de longe e parece manter todo o sentido na actualidade, a julgar pelo crescente número de participantes que cada ano, no primeiro Domingo de Maio, se faz ao caminho.
Fazia-me confusão que tanta gente fosse a pé e regressasse de seguida, sem ficar para a celebração que consta do programa da festa. No ano passado, sugeri ao Pároco que programássemos uma celebração – ainda que simples – para o início da manhã, altura em que a grande maioria dos "peregrinos" já chegou e já se dispõe (ou precisa) a regressar.
Deste modo, tinham a possibilidade de coroar a caminhada com um momento celebrativo que fizesse dela não um simples costume, herdado do passado, mas uma tradição enraizada na fé, que, como tal, deve abrir-se à comunhão com Deus.
A ideia foi amadurecendo e este ano a Paróquia de S. Lourenço lançou o desafio: em lugar de partir cada um por si ou no restrito grupo de amigos (quais cristãos em “auto-gestão”, na oportuna expressão de um conhecido pensador do fenómeno religioso, ou como peregrinos “sem dono”, como às vezes me apetece referir) a proposta foi de nos concentrarmos na Igreja de S. Lourenço, fazermos uma breve oração e reflexão que motivasse e alimentasse a caminhada.
Às 6.30, estava à porta um grupo de cerca de 25 pessoas que quiseram seguir como grupo organizado. Depois da saudação ao Senhor, no sacrário, uma breve reflexão desafiava-nos a percorrer neste dia os trilhos da reconciliação – com o meio ambiente, com os outros, connosco próprios e com Deus.
Foi distribuído um pequeno desdobrável com pistas de reflexão que ajudasse a preencher esse caminho interior que decorria em simultâneo com as passadas físicas. Depois de recebermos a bênção dos peregrinos, bem dispostos, lá seguimos conversando, rindo, animando-nos mutuamente.
Acolhemos os primeiros raios de sol ao dobrar a curva da Senhora da Penha e despedimo-nos da cidade ao mesmo tempo que nos juntávamos a outros peregrinos que connosco partilhavam o mesmo destino.
Muitos houve que partilharam connosco também os momentos de oração que fomos fazendo e que, como alguém dizia, “parecendo que não, ajudam” no caminho.
A ajuda do Senhor que encontrámos na oração, o estímulo do café que a Cruz vermelha tinha preparado e a força dos companheiros fizeram que os pouco mais de
Largas centenas de pessoas percorriam o caminho que, a certa altura já era estreito para tanto peregrino (e mais ainda para os carros…).
À chegada, depois da saudação pessoal ao Senhor Jesus dos Aflitos, decorreu uma pequena celebração comunitária em que pudemos reflectir um pouco sobre o Evangelho daquele Domingo e apresentar ao Senhor as nossas preces e invocar a bênção de Deus para todos os peregrinos e, especialmente, para as mães que celebravam o seu dia.
A despedida foi com um “até pró ano”.
Se Deus quiser, assim será para todos os que puderem e quiserem…
P. João Maria